quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Teologia da prosperidade: DOUTRINA DE DEMÔNIOS




Por Alan Capriles

Teologia da Prosperidade não é algo teórico pra mim. Não preciso estudar para escrever acerca desse assunto, pois conheci essa doutrina pela prática. É claro que sinto vergonha em dizê-lo, mas devo confessar que já fui um dos pregadores dessa teologia errônea, que motiva a ganância nas pessoas. Essa foi uma fase que, graças a Deus, durou pouco tempo, mas que considero vergonhosa para o meu ministério.

Tudo começou quando participei de um famoso congresso, no qual seu preletor principal foi um pregador norte-americano, que veio a convite de um renomado pastor brasileiro. Como eu admirava muito esse pastor, especialmente por sua fidelidade às Escrituras, imaginei que qualquer pessoa indicada por ele deveria ser digna de confiança. E assim, fui absorvendo os ensinamentos daquele gringo, absolutamente desarmado de qualquer senso crítico. Ouvi coisas fascinantes, que eu nunca antes havia aprendido, mas que hoje percebo serem, em grande parte, distorções da Palavra de Deus. O pastor que eu tanto admirava também ficou fascinado por essa mensagem, a ponto de tornar-se o maior defensor dessa doutrina em nosso país. O problema é que, ao contrário do que aconteceu comigo, ele não se arrependeu, mas continuou propagando esse mal, usando a mídia para influenciar milhares de outros pastores, tanto no Brasil, quanto no mundo.

Gostaria que tudo não passasse de um terrível pesadelo, pois é angustiante testemunhar que isso está mesmo acontecendo! A teologia da prosperidade está se disseminando como gangrena pelo corpo de Cristo, de tal forma que é cada vez mais difícil se encontrar uma igreja que esteja livre dessa contaminação. Sendo assim, sinto-me na obrigação de escrever esse alerta. Mas devo esclarecer que meu combate não é contra pessoas e sim contra uma gravíssima distorção da doutrina cristã. Aos que prosseguirem nessa leitura, aconselho que peguem suas Bíblias e confiram se o que estou afirmando é mesmo da maneira como estou dizendo. “Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.” (2 Co 13:8)

Em primeiro lugar, precisamos definir o que é a teologia da prosperidade. Em poucas palavras, a teologia da prosperidade é o conceito de que Deus deseja riqueza para todos os seus filhos e de que, se algum filho de Deus ainda não é rico, seria porque ele não está “semeando” corretamente. Segundo essa teologia, o semear corretamente seria ofertar dinheiro no ministério de alguém rico, ou em algum rico ministério, a fim de se colher da mesma prosperidade que essa pessoa ou instituição usufrui “da parte de Deus”. Basicamente, é isso.

Por considerar que a riqueza é prova da bênção de Deus, a teologia da prosperidade deprecia os pobres, tratando-os como se eles fossem todos miseráveis que estivessem a mendigar o pão. Mas isso não é verdade! Precisamos ter em mente que “pobreza” não é o mesmo que “miséria”. Apesar de todo miserável ser pobre, nem todo pobre é miserável. Uma pessoa que leva uma vida simples pode até ser considerada “pobre” pela sociedade, mas isso não significa que ela esteja na miséria. O problema é que a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples.

É importante se enfatizar isso: a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples. Para os defensores dessa teologia, “Deus não quer que você se contente com o pouco que tem, mas que busque cada vez mais e mais riquezas, pois desta forma Deus estará sendo glorificado na sua vida”. Sendo assim, a teologia da prosperidade é preconceituosa em relação aos pobres, chegando a dizer que pobreza é escravidão e que ser pobre é pecado! [1] Os pregadores dessa doutrina procuram convencer as pessoas de que Deus espera que elas o busquem com expectativas de uma recompensa, que seriam as riquezas materiais. Um famoso pastor brasileiro chegou a chamar de “trouxa” quem oferta a Deus somente por amor, sem esperar nada em troca.

Teólogos renomados, como John Piper [2], são diretos em denunciar que a teologia da prosperidade é “outro evangelho”, diferente do evangelho pregado por Jesus e pelos apóstolos. Isso é gravíssimo, pois Paulo declarou serem malditos aqueles que pregam outro evangelho (Gálatas 1:8-9). Mas não é difícil perceber porque se trata de outro evangelho. Basta considerarmos que a teologia da prosperidade nada mais é do que a troca da mensagem “Deus quer que você se arrependa” pela mensagem “Deus quer que você seja rico”. Obviamente, essa última mensagem é uma boa nova que consegue atrair multidões, razão pela qual tantos pregadores ficam fascinados por essa teologia. As pregações bíblicas, que levavam ao arrependimento, estão agora sendo substituídas por mensagens com títulos atraentes, tais como “Eu nasci pra ser feliz” ou “Uma vida de prosperidade” e isso têm enchido rapidamente as igrejas. Algo semelhante ocorre na maioria dos programas evangélicos da TV, nos quais a mensagem precisa ser agradável aos ouvintes a fim de que se obtenha mais audiência e, consequentemente, mais colaboradores para se pagar o programa.

Aliás, foi num desses programas evangélicos da TV que um conhecido pastor desafiou que alguém apontasse o erro teológico em uma de suas mensagens acerca de prosperidade. Aceitei o desafio e analisei biblicamente a mensagem. Como eu já suspeitava, o “veneno” dessa teologia estava sutilmente espalhado pela pregação, passando despercebido para quem não estiver atento, ou para os que não conhecem o verdadeiro evangelho de Cristo.  (Meu próximo artigo será uma análise completa dessa mensagem, na qual já estou trabalhando)

Mas, dentre todos os erros, gostaria de destacar aquele que é suficiente para se derrubar essa falsa doutrina:

A teologia da prosperidade é frontalmente contrária aos ensinos de Cristo e dos apóstolos em relação a se acumular ou se desejar as riquezas deste mundo.

O que estou afirmando pode ser facilmente comprovado, bastando que se faça uma simples releitura do Novo Testamento. De fato, foi exatamente assim que me dei conta do meu erro e de que precisava abandonar completamente esse falso evangelho. Qualquer cristão que faça uma releitura dos evangelhos e das epístolas poderá ter o mesmo despertamento para a verdade! O problema é que muitos quase não leem o Novo Testamento e a maioria dos pastores só abrem suas bíblias “profissionalmente”, a fim de procurar textos para pregar – textos que, na maioria das vezes, estão no Antigo Testamento. [3]

Mas, consciente de que essa releitura bíblica demanda certo tempo, relaciono a seguir alguns desses versículos, os quais são totalmente opostos à teologia da prosperidade. Deixo também um pequeno comentário acerca de cada trecho, mas estou certo de que a Palavra de Deus é poderosa, por si mesma, para derrubar essa falsa doutrina.

Primeiramente, consideremos o que o Senhor Jesus nos ensinou – considerando também que, se o chamamos de Senhor, deveríamos obedecê-lo (Lc 6:46), ao invés de ignorar ou distorcer suas ordens, que são tão claras e diretas:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;  mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;  porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:19-21) “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra” é uma ordem direta. Não precisamos estudar teologia para compreender algo tão evidente.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6:24-25) O Senhor nos obriga escolher entre Deus e as riquezas. Não é possível servir aos dois. Ou vivemos pelo “ser”, buscando a Deus para sermos uma nova criatura que frutifique em amor para sua glória, ou vivemos pelo “ter”, buscando acumular riquezas materiais na ilusão de que isso glorifica a Deus. 
“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15) Confira também o restante desse capítulo, no qual o Senhor deixa claro que a nossa vida consiste em sermos ricos “para com Deus”, o que nada tem a ver com ter abundância de bens. 
“Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”(Lucas 12:33,34) Jesus ordenou esse desprendimento a todos, não somente aos apóstolos. Juntar tesouros nos céus significa crescer em virtudes e valores, tais como a compaixão e a humildade – devendo ser esse o foco da nossa vida, o crescimento espiritual, e não o ganhar mais dinheiro. 
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.”(Lucas 14:33) Ao invés de ensinar a renúncia, a teologia da prosperidade ensina a ganância. 
“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”(Marcos 10:25) Sendo as riquezas algo tão perigoso, a ponto de colocar em risco a própria salvação, por que Jesus iria querer que seus seguidores fossem ricos? Mas a teologia da prosperidade ensina essa mentira, a de que Deus deseja que todos os seus filhos sejam ricos.
Agora, consideremos como viviam os primeiros (e genuínos) cristãos, segundo nos é revelado no livro de Atos dos Apóstolos:
“Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.”(Atos 2:45) Isso nos mostra o desapego que os discípulos tinham em relação aos bens materiais, porque eles compreendiam que a verdadeira riqueza é Cristo. 
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” (Atos 4:32) Havia um desejo por compartilhar, muito diferente da cobiça e ganância que é gerada pelos pregadores da teologia da prosperidade. 
“Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes  e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.” (Atos 4:34-35) Será que os pregadores da prosperidade, que chamam as ofertas de “sementes” e que pedem para “semear” em seus ministérios, estariam dispostos a repartir o dinheiro que arrecadam com quem tiver necessidade?
E, finalmente, consideremos o que ensinaram os verdadeiros apóstolos:
“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.”(1Timóteo 6:7-11) “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” é o contrário do que ensina a teologia da prosperidade, que motiva o crente a querer ser rico, mesmo com a advertência de Paulo, de que “os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” É difícil compreender como um crente pode ser tão cego e continuar desejando riquezas, quando Paulo nos ordena fugir dessas coisas. 
“sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir”(1Timóteo 6:18) Foi isso que Paulo instruiu que Timóteo dissesse aos ricos. Eis a verdadeira riqueza que Deus espera encontrar em nós: o amor ao próximo, não somente de palavras, mas por obras e em verdade. 
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."(Romanos 14:17) Para os pregadores da teologia da prosperidade, no entanto, o reino de Deus é comer o melhor desta terra. 
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”(Hebreus 13:5) “Contentai-vos com as coisas que tendes”. Será preciso dizer mais alguma coisa?
É tão claro e evidente que a teologia da prosperidade contraria o ensino de Cristo e dos apóstolos que me sinto ridículo em mostrar esses versículos. Todo cristão já deveria saber disso! Para que fique ainda mais evidente o contraste, comparemos o ensino da doutrina cristã com aquilo que ensinam os pregadores dessa teologia diabólica:
Sobre o acúmulo de bens materiais
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Não acumulem bens sobre a terra, a não ser para se repartir com os necessitados. 
Ensino da teologia da prosperidade: “Quanto mais bens você acumular para si mesmo, maior será o sinal da bênção de Deus sobre a sua vida”. 
Sobre desejar as riquezas 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Não devemos desejar riquezas.  
Ensino da teologia da prosperidade: “Devemos desejar riquezas.” 
Sobre o contentamento 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Devemos viver contentes com o que temos.  
Ensino da teologia da prosperidade: “Não devemos nos contentar com pouco.” 
Sobre os pobres 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Os pobres são bem-aventurados. (Lc 6:20; Tg 2:5) 
Ensino da teologia da prosperidade: Pobreza é escravidão e ser pobre é pecado.
Antes de concluir, quero esclarecer que não faço apologia da pobreza, como se ela fosse um fim em si mesma. Ser pobre não é sinônimo de salvação, assim como ser rico não é sinônimo de perdição. Embora Jesus tenha afirmado que um rico dificilmente consegue entrar no reino de Deus, ele mesmo completou que "os impossíveis dos homens são possíveis para Deus." (Lucas 18:25-27) No entanto, fazer dessa ressalva de Jesus uma norma é como fazer da exceção a regra.

Encerro com o testemunho de Jim Bakker, pastor norte-americano que se enriqueceu pregando a teologia da prosperidade, ou seja, convencendo seus ouvintes a que semeassem dinheiro em seu ministério, com a promessa de que ficariam ricos. Após perder toda a sua pequena fortuna e se ver na pobreza, Bakker se dedicou a examinar as Escrituras, a fim de encontrar o que havia saído errado. Acerca disso, ele escreveu:
“Passei meses lendo cada palavra dita por Jesus. Eu as escrevi por muitas e muitas vezes, e também as li por muitas e muitas vezes. Se você aceitar o conselho inteiro da Palavra de Deus, não há como interpretar as riquezas ou as coisas materiais como um sinal da bênção de Deus [...] Já pedi que Deus me perdoasse por haver pregado a prosperidade terrena. Jesus não ensinou que as riquezas são um sinal da bênção de Deus. Jesus disse: ‘Estreito é o caminho que conduz à vida e são poucos os que entram por ele’. [...] Já está na hora de conclamação sobre o púlpito ser mudada de ‘quem quer uma vida de prazeres, casas novas, carros, possessões e bens materiais’ para ‘quem quer vir à frente e receber Jesus Cristo, para segui-lo em seus sofrimentos.” [4]
Jim Bakker releu os livros do Novo Testamento e despertou para a verdade. Só que foi tarde demais para ele, que além de perder todo seu dinheiro, ainda foi condenado por 24 acusações de fraude. [5]Releia os ensinamentos de Cristo, antes que seja tarde demais para você.

“Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo
e não somente de crerdes nele” (Filipenses 1:29)

Alan Capriles
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[1] “Pobreza é escravidão!” – “Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira” – página xxvii – 1ª edição – editora Central Gospel (2007).
“Ser pobre é pecado” – Robert Tilton, “Success-N-Life”, programa pela televisão (27 de dezembro de 1990)
[2] Assista Jonh Piper falar sobre a teologia da prosperidade clicando aqui.
[3] Acerca do cuidado que devemos ter ao se pregar no Antigo Testamento, destaco a seguinte declaração do príncipe dos pregadores: “O antigo pacto era [de fato] um pacto de prosperidade. O novo pacto é [no entanto] um pacto de adversidades, mediante o qual estamos sendo desmamados deste mundo presente e nos preparando para o mundo vindouro.” (Charles Haddon Spurgeon, comentando sobre Jó 8:11-13, sermão 651 dos sermões pregados durante o ano de 1865)
[4] Jim Bakker, citado por Terry Mattingly, “Prosperity Christian’ Sing a Diferent Tune” Rocky Mountain News (16 de agosto de 1992), pág. 158.
[5] HANEGRAAFF, Hank - Cristianismo em Crise - 4ª edição (CPAD - 2004) Pág. 233

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, DIABOLICAMENTE PERVERSA E MENTIROSA







TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, DIABOLICAMENTE PERVERSA E MENTIROSA

Uma das principais ervas daninhas que têm se alastrado no “jardim fechado” da Igreja, nestes dias tão difíceis que antecedem à volta de Cristo, é a chamada “teologia da prosperidade”, que nada mais é que uma doutrina distorcida a respeito de Deus, de forte conteúdo materialista, que tem seduzido muitos crentes e os feito desviar da verdade.

Quando falamos em “teologia da prosperidade”, também conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé” ou “movimento da fé”, não falamos, propriamente, de uma seita ou de uma denominação, mas de um movimento que se tem infiltrado, com suas ideias e concepções, em diversas denominações e grupos evangélicos, principalmente os pentecostais, sendo, por isso mesmo, uma das mais perigosas heresias na atualidade. Seus conceitos têm invadido as mentes de muitos crentes, trazendo grandes prejuízos espirituais.

O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2Pe 2:3).

Há até, pelo menos, duas décadas, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava que os cristãos não deveriam se apegar às riquezas materiais, aos interesses terrenos, pois Jesus nos ensinou que aqui somos apenas forasteiros (1Pe 2:11), pois o nosso lugar é o Céu(João 14:1-3), e que não deveríamos ajuntar tesouros aqui(Mt 6:19,20; Lc 12:23). Mas, veio a Teologia da Prosperidade pregando que o cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado, não tem fé ou está vivendo sob o domínio do diabo. Chegam ao ridículo de dizer que Jesus nasceu de uma virgem zero km, entrou em Jerusalém montado num jumento zero km e, em sua morte, foi sepultado num túmulo zero km. Como se vê, é uma interpretação forçada da Palavra Deus para se justificar erros, heresias e interesses duvidosos.

Os Teólogos da prosperidade aqui no Brasil estão ensinando que todos os cristãos devem ser ricos financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro, e afirmando que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive essa vida pregada por eles, é falta de fé ou que há pecado em sua vida, desprezando, assim, soberania de Deus.

A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas, mas no orbe da Confissão Positiva, ela não é levada muita a sério, pois os verbos que imperam são: exigir, decretar, determinar, reivindicar, ao invés de pedir, rogar, suplicar, etc. Jesus, porém, nos ensinou a pedir e não exigir(Ler Mt 7:7; Lc 11:9; João 16:24). Veja ainda: Sl 27:4; Pv 30:7; Zc 10:1.

A diabólica e perversa Teologia da Prosperidade tem feito ricos, pobres da presença de Deus e dos pobres, ricos sem Deus. Por quê? “Porque o [amor ao dinheiro] é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”(1Tm 6:10).

Paulo talvez fosse rico antes, mas depois que teve contato com Cristo viveu sem riquezas: "... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas tenho experiência, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade"(Fp 4:11-12).

Veja o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o apóstolo Paulo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (1Tm 6:9).

É necessário estarmos conscientes de que o conceito de prosperidade não pode ser reduzido à posse de dinheiro e bens materiais. Existem pessoas que possuem muito dinheiro sem, contudo, serem prósperas. Existe um alto índice de dependência de drogas, prostituição, divórcios e suicídios entre as pessoas da classe alta nas sociedades em todo mundo.

É necessário estarmos conscientes de que ser pobre, perseguido ou estar enfermo, não significa necessariamente estar em pecado. Veja as seguintes passagens da Bíblia:” Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”(Dt 15:11). ” Porquanto sempre tendes convosco os pobres...”(Mt 26:11). “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”(Pv 14:31). “MELHOR é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo”(Pv 19:1).” O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso”(Pv 19:22).” O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez”(Pv 22:2). ” Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta(Zc 9;9).” Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).

Os Teólogos da Prosperidade dizem que por ser filho de Deus, temos o "direito" de termos o que quisermos! Vejamos, como exemplos, algumas refutações bíblicas:

* Jesus não tinha onde reclinar a cabeça ( Mt 8:20).
* Paulo viveu em constante pobreza ( Fp 4:11).
* Porque Jesus pediu ao rico para desfazer-se dos bens?( Lc 18:22).
* Os que querem ficar ricos caem em tentações(1Tm 6:9).
* Não podemos servir a Deus e as riquezas(Lc 16:13).
* A oração que não é atendida: para gastar no luxo(Tg 4:3).
* Na oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de cada dia..." - Mt 6:11).
* O servo de Eliseu pegou lepra pela cobiça...(2Rs 5:20-27).
* "Não ajunteis tesouro na terra..." (Mt 6:19).
* José e Maria eram humildes. Sua oferta de sacrifício no templo foi um par de rolas (Lc 2:22), a mais simples oferta (veja Lv 12:6-8).
* A fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual(Mc 4:19).
* Pedro e João não tinham oferta para dar ao paralítico(At 3:6).
* Moisés abandonou sua riqueza e "status", para servir a Deus e ao Seu povo( Hb 11:24-26).
* A cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado (Js 7:1-26).
* Deus usou Gideão, da família mais pobre de Manassés, para libertar Israel(Jz 6:15).
* Jó, um justo, passou por um período de pobreza total (Jó 1:9-12).
* Em Jerusalém, a maioria dos crentes era muito pobre, mas Paulo não os tratou com desdém, mas chamou-os de Santos: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”(Rm 15:26).

A Bíblia ensina que nem a pobreza nem a riqueza são virtudes. A Palavra de Deus, aliás, em momento algum trata a pobreza com desdém. A vida do homem não se constitui dos bens que possui (Lc 12:15). Não devemos ir para um extremo, nem para o outro (Pv 30:8,9). Qualquer extremo é perigoso.

É verdade que a riqueza é bênção de Deus, desde que adquirida de maneira honesta e não vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3). Caso contrário, seremos escravizados por ela.

Infelizmente, nos nossos dias, muitos crentes passaram a encarar a sua fé como um meio de enriquecimento, como um mecanismo de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas Escrituras Sagradas. Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja, mas, definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito para ela estabelecido pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. O materialismo é uma das principais marcas do espírito do Anticristo, cujo reinado sempre beneficiará os mercadores (cf Ap:18), que serão os que mais lamentarão a queda de seu sistema iníquo.

Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos dias do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17), a mostrar que esta igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais.

Urge modificarmos este pensamento que está incrustado na Igreja, levando muitos à apostasia. Muitos não pensam mais nas almas, mas nos dízimos e ofertas; outros não estão preocupados com a obra de Deus, mas com os cifrões dos seus salários. Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bênçãos espirituais, para serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes, mas querem enriquecer com campanhas, sacrifícios, etc. São pessoas que vivem como os gentios, que têm as mesmas preocupações e propósitos que os gentios e que, portanto, pertencem a este vasto grupo onde o amor está esfriando pelo aumento da iniqüidade e que, buscando a riqueza material, não vê que se comporta como um pobre, desgraçado e nu. Vigiemos e não entremos nesta onda, que nos levará para a perdição eterna!

Portanto, a Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação.

 texto retirado de http://luloure.blogspot.com.br/2011/11/teologia-da-prosperidade-diabolicamente.html