sábado, 1 de junho de 2013

O pacto da cidade do cabo (Movimento Lausanne) e o Evangelho da Prosperidade


Evangelho da Prosperidade
Andar em simplicidade, rejeitando a idolatria da ganância


A pregação e o ensino generalizado do “evangelho da prosperidade” em todo o mundo levanta sérias preocupações. Definimos o evangelho da prosperidade como o ensino de que os crentes têm direito às bênçãos da saúde e da riqueza e que podem obter essas bênçãos por meio de confissões positivas de fé e da “semeadura”, através de doações financeiras e materiais. O ensino da prosperidade é um fenômeno que atravessa muitas denominações em todos os continentes.

Nós ratificamos a graça e o poder milagroso de Deus e congratulamo-nos com o crescimento das igrejas e dos ministérios que levam pessoas a exercer a fé expectante no Deus vivo e no seu poder sobrenatural. Nós cremos no poder do Espírito Santo. No entanto, negamos que o poder milagroso de Deus possa ser tratado como uma técnica automática ou à disposição de humanos, ou ainda, manipulada por palavras, ações, dons, objetos ou rituais humanos.

Nós afirmamos que existe uma perspectiva bíblica da prosperidade humana e que a Bíblia inclui o bem estar material (tanto saúde como riqueza) em seu ensinamento sobre a benção de Deus. No entanto, consideramos como contrário à Bíblia o ensinamento de que o bem estar espiritual possa ser medido em termos de bem estar material, ou que a riqueza seja sempre um sinal da benção de Deus. A Bíblia mostra que a riqueza muitas vezes pode ser obtida através da opressão, do engano ou da corrupção. Negamos também que a pobreza, a doença ou a morte física sejam sempre sinais da maldição de Deus, ou evidência de falta de fé, ou o resultado de maldição humana, já que a Bíblia rejeita tais explicações simplistas.

Nós admitimos que seja bom exaltar o poder e a vitória de Deus. Mas cremos que os ensinamentos de muitos que promovem energicamente o evangelho da prosperidade distorcem seriamente a Bíblia; que suas práticas e seu estilo de vida geralmente são antiéticos e não semelhantes a Cristo; que eles costumam substituir o evangelismo genuíno pela busca de milagres, e substituem o chamado ao arrependimento pelo chamado para a contribuição financeira destinada a organização do pastor. Lamentamos que o impacto de seu ensino em muitas Igrejas seja pastoralmente prejudicial e espiritualmente doentio. É com alegria e firmeza que ratificamos toda iniciativa em nome de Cristo que busque trazer cura ao doente ou livramento duradouro da pobreza e do sofrimento. O evangelho da prosperidade não oferece nenhuma solução duradoura para a pobreza e pode desviar as pessoas da verdadeira mensagem e do verdadeiro caminho para a salvação eterna. Por essas razões, usando de sensatez, ele pode ser descrito como um evangelho falso. Por isso rejeitamos o excesso de ensino sobre prosperidade por ser incompatível com o cristianismo bíblico equilibrado.


A)    Com insistência encorajamos os líderes da igreja e de missões presentes em contextos onde o evangelho da prosperidade seja popular, a compará-lo com atenção e cuidado ao ensino e exemplo de Jesus Cristo. Particularmente, todos nós precisamos interpretar e ensinar, segundo seu contexto e harmonia, os textos bíblicos comumente usados para sustentar o evangelho da prosperidade. Onde houver o ensino da prosperidade no contexto de pobreza, devemos nos opor a ele, com compaixão autêntica e ação que traga justiça e transformação duradoura para o pobre. Acima de tudo, devemos substituir o interesse próprio e a ganância pelo ensinamento bíblico a respeito do sacrifício próprio e da doação generosa, como as marcas do verdadeiro discipulado de Cristo. Nós ratificamos o apelo histórico de Lausanne por estilos de vida mais simples.

From the Cape Town Commitment - Part 2, Section IIE, 5

Retirado de http://conversation.lausanne.org/pt/home/prosperity-gospel

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Teologia da prosperidade: DOUTRINA DE DEMÔNIOS




Por Alan Capriles

Teologia da Prosperidade não é algo teórico pra mim. Não preciso estudar para escrever acerca desse assunto, pois conheci essa doutrina pela prática. É claro que sinto vergonha em dizê-lo, mas devo confessar que já fui um dos pregadores dessa teologia errônea, que motiva a ganância nas pessoas. Essa foi uma fase que, graças a Deus, durou pouco tempo, mas que considero vergonhosa para o meu ministério.

Tudo começou quando participei de um famoso congresso, no qual seu preletor principal foi um pregador norte-americano, que veio a convite de um renomado pastor brasileiro. Como eu admirava muito esse pastor, especialmente por sua fidelidade às Escrituras, imaginei que qualquer pessoa indicada por ele deveria ser digna de confiança. E assim, fui absorvendo os ensinamentos daquele gringo, absolutamente desarmado de qualquer senso crítico. Ouvi coisas fascinantes, que eu nunca antes havia aprendido, mas que hoje percebo serem, em grande parte, distorções da Palavra de Deus. O pastor que eu tanto admirava também ficou fascinado por essa mensagem, a ponto de tornar-se o maior defensor dessa doutrina em nosso país. O problema é que, ao contrário do que aconteceu comigo, ele não se arrependeu, mas continuou propagando esse mal, usando a mídia para influenciar milhares de outros pastores, tanto no Brasil, quanto no mundo.

Gostaria que tudo não passasse de um terrível pesadelo, pois é angustiante testemunhar que isso está mesmo acontecendo! A teologia da prosperidade está se disseminando como gangrena pelo corpo de Cristo, de tal forma que é cada vez mais difícil se encontrar uma igreja que esteja livre dessa contaminação. Sendo assim, sinto-me na obrigação de escrever esse alerta. Mas devo esclarecer que meu combate não é contra pessoas e sim contra uma gravíssima distorção da doutrina cristã. Aos que prosseguirem nessa leitura, aconselho que peguem suas Bíblias e confiram se o que estou afirmando é mesmo da maneira como estou dizendo. “Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.” (2 Co 13:8)

Em primeiro lugar, precisamos definir o que é a teologia da prosperidade. Em poucas palavras, a teologia da prosperidade é o conceito de que Deus deseja riqueza para todos os seus filhos e de que, se algum filho de Deus ainda não é rico, seria porque ele não está “semeando” corretamente. Segundo essa teologia, o semear corretamente seria ofertar dinheiro no ministério de alguém rico, ou em algum rico ministério, a fim de se colher da mesma prosperidade que essa pessoa ou instituição usufrui “da parte de Deus”. Basicamente, é isso.

Por considerar que a riqueza é prova da bênção de Deus, a teologia da prosperidade deprecia os pobres, tratando-os como se eles fossem todos miseráveis que estivessem a mendigar o pão. Mas isso não é verdade! Precisamos ter em mente que “pobreza” não é o mesmo que “miséria”. Apesar de todo miserável ser pobre, nem todo pobre é miserável. Uma pessoa que leva uma vida simples pode até ser considerada “pobre” pela sociedade, mas isso não significa que ela esteja na miséria. O problema é que a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples.

É importante se enfatizar isso: a teologia da prosperidade não aceita que o cristão tenha uma vida simples. Para os defensores dessa teologia, “Deus não quer que você se contente com o pouco que tem, mas que busque cada vez mais e mais riquezas, pois desta forma Deus estará sendo glorificado na sua vida”. Sendo assim, a teologia da prosperidade é preconceituosa em relação aos pobres, chegando a dizer que pobreza é escravidão e que ser pobre é pecado! [1] Os pregadores dessa doutrina procuram convencer as pessoas de que Deus espera que elas o busquem com expectativas de uma recompensa, que seriam as riquezas materiais. Um famoso pastor brasileiro chegou a chamar de “trouxa” quem oferta a Deus somente por amor, sem esperar nada em troca.

Teólogos renomados, como John Piper [2], são diretos em denunciar que a teologia da prosperidade é “outro evangelho”, diferente do evangelho pregado por Jesus e pelos apóstolos. Isso é gravíssimo, pois Paulo declarou serem malditos aqueles que pregam outro evangelho (Gálatas 1:8-9). Mas não é difícil perceber porque se trata de outro evangelho. Basta considerarmos que a teologia da prosperidade nada mais é do que a troca da mensagem “Deus quer que você se arrependa” pela mensagem “Deus quer que você seja rico”. Obviamente, essa última mensagem é uma boa nova que consegue atrair multidões, razão pela qual tantos pregadores ficam fascinados por essa teologia. As pregações bíblicas, que levavam ao arrependimento, estão agora sendo substituídas por mensagens com títulos atraentes, tais como “Eu nasci pra ser feliz” ou “Uma vida de prosperidade” e isso têm enchido rapidamente as igrejas. Algo semelhante ocorre na maioria dos programas evangélicos da TV, nos quais a mensagem precisa ser agradável aos ouvintes a fim de que se obtenha mais audiência e, consequentemente, mais colaboradores para se pagar o programa.

Aliás, foi num desses programas evangélicos da TV que um conhecido pastor desafiou que alguém apontasse o erro teológico em uma de suas mensagens acerca de prosperidade. Aceitei o desafio e analisei biblicamente a mensagem. Como eu já suspeitava, o “veneno” dessa teologia estava sutilmente espalhado pela pregação, passando despercebido para quem não estiver atento, ou para os que não conhecem o verdadeiro evangelho de Cristo.  (Meu próximo artigo será uma análise completa dessa mensagem, na qual já estou trabalhando)

Mas, dentre todos os erros, gostaria de destacar aquele que é suficiente para se derrubar essa falsa doutrina:

A teologia da prosperidade é frontalmente contrária aos ensinos de Cristo e dos apóstolos em relação a se acumular ou se desejar as riquezas deste mundo.

O que estou afirmando pode ser facilmente comprovado, bastando que se faça uma simples releitura do Novo Testamento. De fato, foi exatamente assim que me dei conta do meu erro e de que precisava abandonar completamente esse falso evangelho. Qualquer cristão que faça uma releitura dos evangelhos e das epístolas poderá ter o mesmo despertamento para a verdade! O problema é que muitos quase não leem o Novo Testamento e a maioria dos pastores só abrem suas bíblias “profissionalmente”, a fim de procurar textos para pregar – textos que, na maioria das vezes, estão no Antigo Testamento. [3]

Mas, consciente de que essa releitura bíblica demanda certo tempo, relaciono a seguir alguns desses versículos, os quais são totalmente opostos à teologia da prosperidade. Deixo também um pequeno comentário acerca de cada trecho, mas estou certo de que a Palavra de Deus é poderosa, por si mesma, para derrubar essa falsa doutrina.

Primeiramente, consideremos o que o Senhor Jesus nos ensinou – considerando também que, se o chamamos de Senhor, deveríamos obedecê-lo (Lc 6:46), ao invés de ignorar ou distorcer suas ordens, que são tão claras e diretas:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam;  mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;  porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mateus 6:19-21) “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra” é uma ordem direta. Não precisamos estudar teologia para compreender algo tão evidente.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?” (Mateus 6:24-25) O Senhor nos obriga escolher entre Deus e as riquezas. Não é possível servir aos dois. Ou vivemos pelo “ser”, buscando a Deus para sermos uma nova criatura que frutifique em amor para sua glória, ou vivemos pelo “ter”, buscando acumular riquezas materiais na ilusão de que isso glorifica a Deus. 
“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (Lucas 12:15) Confira também o restante desse capítulo, no qual o Senhor deixa claro que a nossa vida consiste em sermos ricos “para com Deus”, o que nada tem a ver com ter abundância de bens. 
“Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”(Lucas 12:33,34) Jesus ordenou esse desprendimento a todos, não somente aos apóstolos. Juntar tesouros nos céus significa crescer em virtudes e valores, tais como a compaixão e a humildade – devendo ser esse o foco da nossa vida, o crescimento espiritual, e não o ganhar mais dinheiro. 
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.”(Lucas 14:33) Ao invés de ensinar a renúncia, a teologia da prosperidade ensina a ganância. 
“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”(Marcos 10:25) Sendo as riquezas algo tão perigoso, a ponto de colocar em risco a própria salvação, por que Jesus iria querer que seus seguidores fossem ricos? Mas a teologia da prosperidade ensina essa mentira, a de que Deus deseja que todos os seus filhos sejam ricos.
Agora, consideremos como viviam os primeiros (e genuínos) cristãos, segundo nos é revelado no livro de Atos dos Apóstolos:
“Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade.”(Atos 2:45) Isso nos mostra o desapego que os discípulos tinham em relação aos bens materiais, porque eles compreendiam que a verdadeira riqueza é Cristo. 
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.” (Atos 4:32) Havia um desejo por compartilhar, muito diferente da cobiça e ganância que é gerada pelos pregadores da teologia da prosperidade. 
“Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes  e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade.” (Atos 4:34-35) Será que os pregadores da prosperidade, que chamam as ofertas de “sementes” e que pedem para “semear” em seus ministérios, estariam dispostos a repartir o dinheiro que arrecadam com quem tiver necessidade?
E, finalmente, consideremos o que ensinaram os verdadeiros apóstolos:
“Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.”(1Timóteo 6:7-11) “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” é o contrário do que ensina a teologia da prosperidade, que motiva o crente a querer ser rico, mesmo com a advertência de Paulo, de que “os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” É difícil compreender como um crente pode ser tão cego e continuar desejando riquezas, quando Paulo nos ordena fugir dessas coisas. 
“sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir”(1Timóteo 6:18) Foi isso que Paulo instruiu que Timóteo dissesse aos ricos. Eis a verdadeira riqueza que Deus espera encontrar em nós: o amor ao próximo, não somente de palavras, mas por obras e em verdade. 
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo."(Romanos 14:17) Para os pregadores da teologia da prosperidade, no entanto, o reino de Deus é comer o melhor desta terra. 
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”(Hebreus 13:5) “Contentai-vos com as coisas que tendes”. Será preciso dizer mais alguma coisa?
É tão claro e evidente que a teologia da prosperidade contraria o ensino de Cristo e dos apóstolos que me sinto ridículo em mostrar esses versículos. Todo cristão já deveria saber disso! Para que fique ainda mais evidente o contraste, comparemos o ensino da doutrina cristã com aquilo que ensinam os pregadores dessa teologia diabólica:
Sobre o acúmulo de bens materiais
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Não acumulem bens sobre a terra, a não ser para se repartir com os necessitados. 
Ensino da teologia da prosperidade: “Quanto mais bens você acumular para si mesmo, maior será o sinal da bênção de Deus sobre a sua vida”. 
Sobre desejar as riquezas 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Não devemos desejar riquezas.  
Ensino da teologia da prosperidade: “Devemos desejar riquezas.” 
Sobre o contentamento 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Devemos viver contentes com o que temos.  
Ensino da teologia da prosperidade: “Não devemos nos contentar com pouco.” 
Sobre os pobres 
Ensino de Jesus e dos apóstolos: Os pobres são bem-aventurados. (Lc 6:20; Tg 2:5) 
Ensino da teologia da prosperidade: Pobreza é escravidão e ser pobre é pecado.
Antes de concluir, quero esclarecer que não faço apologia da pobreza, como se ela fosse um fim em si mesma. Ser pobre não é sinônimo de salvação, assim como ser rico não é sinônimo de perdição. Embora Jesus tenha afirmado que um rico dificilmente consegue entrar no reino de Deus, ele mesmo completou que "os impossíveis dos homens são possíveis para Deus." (Lucas 18:25-27) No entanto, fazer dessa ressalva de Jesus uma norma é como fazer da exceção a regra.

Encerro com o testemunho de Jim Bakker, pastor norte-americano que se enriqueceu pregando a teologia da prosperidade, ou seja, convencendo seus ouvintes a que semeassem dinheiro em seu ministério, com a promessa de que ficariam ricos. Após perder toda a sua pequena fortuna e se ver na pobreza, Bakker se dedicou a examinar as Escrituras, a fim de encontrar o que havia saído errado. Acerca disso, ele escreveu:
“Passei meses lendo cada palavra dita por Jesus. Eu as escrevi por muitas e muitas vezes, e também as li por muitas e muitas vezes. Se você aceitar o conselho inteiro da Palavra de Deus, não há como interpretar as riquezas ou as coisas materiais como um sinal da bênção de Deus [...] Já pedi que Deus me perdoasse por haver pregado a prosperidade terrena. Jesus não ensinou que as riquezas são um sinal da bênção de Deus. Jesus disse: ‘Estreito é o caminho que conduz à vida e são poucos os que entram por ele’. [...] Já está na hora de conclamação sobre o púlpito ser mudada de ‘quem quer uma vida de prazeres, casas novas, carros, possessões e bens materiais’ para ‘quem quer vir à frente e receber Jesus Cristo, para segui-lo em seus sofrimentos.” [4]
Jim Bakker releu os livros do Novo Testamento e despertou para a verdade. Só que foi tarde demais para ele, que além de perder todo seu dinheiro, ainda foi condenado por 24 acusações de fraude. [5]Releia os ensinamentos de Cristo, antes que seja tarde demais para você.

“Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo
e não somente de crerdes nele” (Filipenses 1:29)

Alan Capriles
________________

[1] “Pobreza é escravidão!” – “Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira” – página xxvii – 1ª edição – editora Central Gospel (2007).
“Ser pobre é pecado” – Robert Tilton, “Success-N-Life”, programa pela televisão (27 de dezembro de 1990)
[2] Assista Jonh Piper falar sobre a teologia da prosperidade clicando aqui.
[3] Acerca do cuidado que devemos ter ao se pregar no Antigo Testamento, destaco a seguinte declaração do príncipe dos pregadores: “O antigo pacto era [de fato] um pacto de prosperidade. O novo pacto é [no entanto] um pacto de adversidades, mediante o qual estamos sendo desmamados deste mundo presente e nos preparando para o mundo vindouro.” (Charles Haddon Spurgeon, comentando sobre Jó 8:11-13, sermão 651 dos sermões pregados durante o ano de 1865)
[4] Jim Bakker, citado por Terry Mattingly, “Prosperity Christian’ Sing a Diferent Tune” Rocky Mountain News (16 de agosto de 1992), pág. 158.
[5] HANEGRAAFF, Hank - Cristianismo em Crise - 4ª edição (CPAD - 2004) Pág. 233

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, DIABOLICAMENTE PERVERSA E MENTIROSA







TEOLOGIA DA PROSPERIDADE, DIABOLICAMENTE PERVERSA E MENTIROSA

Uma das principais ervas daninhas que têm se alastrado no “jardim fechado” da Igreja, nestes dias tão difíceis que antecedem à volta de Cristo, é a chamada “teologia da prosperidade”, que nada mais é que uma doutrina distorcida a respeito de Deus, de forte conteúdo materialista, que tem seduzido muitos crentes e os feito desviar da verdade.

Quando falamos em “teologia da prosperidade”, também conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé” ou “movimento da fé”, não falamos, propriamente, de uma seita ou de uma denominação, mas de um movimento que se tem infiltrado, com suas ideias e concepções, em diversas denominações e grupos evangélicos, principalmente os pentecostais, sendo, por isso mesmo, uma das mais perigosas heresias na atualidade. Seus conceitos têm invadido as mentes de muitos crentes, trazendo grandes prejuízos espirituais.

O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1Co 15:19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2Pe 2:3).

Há até, pelo menos, duas décadas, a pregação evangélica, principalmente pentecostal, enfatizava que os cristãos não deveriam se apegar às riquezas materiais, aos interesses terrenos, pois Jesus nos ensinou que aqui somos apenas forasteiros (1Pe 2:11), pois o nosso lugar é o Céu(João 14:1-3), e que não deveríamos ajuntar tesouros aqui(Mt 6:19,20; Lc 12:23). Mas, veio a Teologia da Prosperidade pregando que o cristão deve ser próspero financeiramente e viver sempre livre de qualquer enfermidade. Quando isto não acontece, é porque ele deve estar vivendo em pecado, não tem fé ou está vivendo sob o domínio do diabo. Chegam ao ridículo de dizer que Jesus nasceu de uma virgem zero km, entrou em Jerusalém montado num jumento zero km e, em sua morte, foi sepultado num túmulo zero km. Como se vê, é uma interpretação forçada da Palavra Deus para se justificar erros, heresias e interesses duvidosos.

Os Teólogos da prosperidade aqui no Brasil estão ensinando que todos os cristãos devem ser ricos financeiramente, ter o melhor salário, a melhor casa, o melhor carro, uma saúde de ferro, e afirmando que toda enfermidade vem do diabo. E que se o cristão não vive essa vida pregada por eles, é falta de fé ou que há pecado em sua vida, desprezando, assim, soberania de Deus.

A soberania de Deus é a doutrina que afirma que Deus é supremo, tanto em governo quanto em autoridade sobre todas as coisas, mas no orbe da Confissão Positiva, ela não é levada muita a sério, pois os verbos que imperam são: exigir, decretar, determinar, reivindicar, ao invés de pedir, rogar, suplicar, etc. Jesus, porém, nos ensinou a pedir e não exigir(Ler Mt 7:7; Lc 11:9; João 16:24). Veja ainda: Sl 27:4; Pv 30:7; Zc 10:1.

A diabólica e perversa Teologia da Prosperidade tem feito ricos, pobres da presença de Deus e dos pobres, ricos sem Deus. Por quê? “Porque o [amor ao dinheiro] é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”(1Tm 6:10).

Paulo talvez fosse rico antes, mas depois que teve contato com Cristo viveu sem riquezas: "... aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas tenho experiência, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade"(Fp 4:11-12).

Veja o que o Espírito Santo nos ensina sobre o desejo de se tornar rico, usando o apóstolo Paulo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição” (1Tm 6:9).

É necessário estarmos conscientes de que o conceito de prosperidade não pode ser reduzido à posse de dinheiro e bens materiais. Existem pessoas que possuem muito dinheiro sem, contudo, serem prósperas. Existe um alto índice de dependência de drogas, prostituição, divórcios e suicídios entre as pessoas da classe alta nas sociedades em todo mundo.

É necessário estarmos conscientes de que ser pobre, perseguido ou estar enfermo, não significa necessariamente estar em pecado. Veja as seguintes passagens da Bíblia:” Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”(Dt 15:11). ” Porquanto sempre tendes convosco os pobres...”(Mt 26:11). “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”(Pv 14:31). “MELHOR é o pobre que anda na sua integridade do que o perverso de lábios e tolo”(Pv 19:1).” O que o homem mais deseja é o que lhe faz bem; porém é melhor ser pobre do que mentiroso”(Pv 19:22).” O rico e o pobre se encontram; a todos o Senhor os fez”(Pv 22:2). ” Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta(Zc 9;9).” Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”(Ap 3:17).

Os Teólogos da Prosperidade dizem que por ser filho de Deus, temos o "direito" de termos o que quisermos! Vejamos, como exemplos, algumas refutações bíblicas:

* Jesus não tinha onde reclinar a cabeça ( Mt 8:20).
* Paulo viveu em constante pobreza ( Fp 4:11).
* Porque Jesus pediu ao rico para desfazer-se dos bens?( Lc 18:22).
* Os que querem ficar ricos caem em tentações(1Tm 6:9).
* Não podemos servir a Deus e as riquezas(Lc 16:13).
* A oração que não é atendida: para gastar no luxo(Tg 4:3).
* Na oração do Pai Nosso não há indicação de pedirmos além do necessário ("de cada dia..." - Mt 6:11).
* O servo de Eliseu pegou lepra pela cobiça...(2Rs 5:20-27).
* "Não ajunteis tesouro na terra..." (Mt 6:19).
* José e Maria eram humildes. Sua oferta de sacrifício no templo foi um par de rolas (Lc 2:22), a mais simples oferta (veja Lv 12:6-8).
* A fascinação da riqueza sufoca o crescimento espiritual(Mc 4:19).
* Pedro e João não tinham oferta para dar ao paralítico(At 3:6).
* Moisés abandonou sua riqueza e "status", para servir a Deus e ao Seu povo( Hb 11:24-26).
* A cobiça levou o povo de Israel a desobedecer e ser derrotado (Js 7:1-26).
* Deus usou Gideão, da família mais pobre de Manassés, para libertar Israel(Jz 6:15).
* Jó, um justo, passou por um período de pobreza total (Jó 1:9-12).
* Em Jerusalém, a maioria dos crentes era muito pobre, mas Paulo não os tratou com desdém, mas chamou-os de Santos: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém”(Rm 15:26).

A Bíblia ensina que nem a pobreza nem a riqueza são virtudes. A Palavra de Deus, aliás, em momento algum trata a pobreza com desdém. A vida do homem não se constitui dos bens que possui (Lc 12:15). Não devemos ir para um extremo, nem para o outro (Pv 30:8,9). Qualquer extremo é perigoso.

É verdade que a riqueza é bênção de Deus, desde que adquirida de maneira honesta e não vise exclusivamente aos deleites deste mundo (Tg 4:3). Caso contrário, seremos escravizados por ela.

Infelizmente, nos nossos dias, muitos crentes passaram a encarar a sua fé como um meio de enriquecimento, como um mecanismo de prosperidade material e, com isto, desviam-se dos objetivos traçados pelas Escrituras Sagradas. Não negamos que Jesus tenha bênçãos materiais para a Sua Igreja, mas, definitivamente, não é para isto que a Igreja foi constituída e não é este o propósito para ela estabelecido pelo Senhor. Quando mudamos a agenda divina de salvação de almas e aperfeiçoamento dos santos pela agenda de busca de prosperidade, estamos nos encaminhando, perigosamente, para a apostasia. O materialismo é uma das principais marcas do espírito do Anticristo, cujo reinado sempre beneficiará os mercadores (cf Ap:18), que serão os que mais lamentarão a queda de seu sistema iníquo.

Não é à toa que a primeira expressão da igreja de Laodicéia, que é o retrato da igreja apóstata dos dias do arrebatamento, seja “rico sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17), a mostrar que esta igreja tinha, em primeiro plano, a preocupação com as riquezas, com os bens materiais.

Urge modificarmos este pensamento que está incrustado na Igreja, levando muitos à apostasia. Muitos não pensam mais nas almas, mas nos dízimos e ofertas; outros não estão preocupados com a obra de Deus, mas com os cifrões dos seus salários. Muitos não querem saber de buscar a Deus para ter bênçãos espirituais, para serem instrumentos de salvação e de aperfeiçoamento de outros crentes, mas querem enriquecer com campanhas, sacrifícios, etc. São pessoas que vivem como os gentios, que têm as mesmas preocupações e propósitos que os gentios e que, portanto, pertencem a este vasto grupo onde o amor está esfriando pelo aumento da iniqüidade e que, buscando a riqueza material, não vê que se comporta como um pobre, desgraçado e nu. Vigiemos e não entremos nesta onda, que nos levará para a perdição eterna!

Portanto, a Teologia da Prosperidade é diabolicamente perversa e mentirosa, porque induz os filhos de Deus a buscar a riqueza, por concluírem ser esta tão importante quanto a salvação.

 texto retirado de http://luloure.blogspot.com.br/2011/11/teologia-da-prosperidade-diabolicamente.html

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Jesus Cristo proíbe riquezas

Cada um analise como quiser, mas uma coisa é inegável: A MAIORIA DOS CRENTES HOJE SÓ QUER GRANA!!!!!!!!!!! O dinheiro é necessário, mas precisamos ser milionários.??????????

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Jesus vencendo a tentação da teologia da prosperidade



São muitas as distorções doutrinárias da Teologia da Prosperidade: Negam a soberania de Deus, dizendo que usar a expressão “se for a Tua vontade” destrói a oração; ensinam os crentes a exigirem e reivindicarem coisas de Deus, em vez de as pedirem a Ele; acabam exaltando mais ao homem do que a Cristo; exibem um espírito de orgulho do “que eu posso fazer ou conquistar em nome de Jesus”; dizem que sofrimento, pobreza e doença não devem fazer parte da vida de um cristão. Se, porventura, um cristão estiver em tais circunstâncias é porque não tem fé. Dizem que Jesus teve de morrer espiritualmente para pagar pelos pecados do homem no inferno, pois sua morte física e seu sangue derramado na cruz foram insuficientes para fazer a expiação. Chegam ao ponto de negar a eficácia do sangue de Jesus. Alguns afirmam a deidade humana, dizendo serem deuses. Hagin, em seu livro “Zoe: a própria vida de Deus”, página 79, diz que nem Jesus Cristo tem uma posição mais elevada do que nós diante de Deus. Blasfêmia!

A teologia da Prosperidade tem suas raízes na Ciência Cristã, que é derivada do gnosticismo. Daí vemos o dualismo da teologia da prosperidade, quando diz que a morte física de Cristo não tem relevância em relação a redenção do nosso espírito, tendo Jesus que morrer também espiritualmente no “inferno”, tal dualismo revela-se também em seu misticismo em relação ao poder das palavras e em sua ênfase na confissão positiva.

Hoje percebemos uma ênfase exagerada no elemento “fé”, em detrimento da verdade e do amor. Um exemplo disto se vê na trágica história do menino diabético Wesley Parker, falecido em 23 de agosto de 1973, cujos pais cristãos foram presos por negligência, devido a teologia da prosperidade, que os levou a acreditarem firmemente na declaração de um pastor que, após a oração, afirmou que o menino havia sido curado. A partir daí, seus pais não mais permitiram que ele tomasse insulina o que acabou levando-o à morte. Mais tarde, arrependidos, escreveram o livro: “We let our son die”, que traduzido, significa "Nós deixamos nosso filho morrer". Neste livro eles reconhecem, com muita dor no coração, o lamentável fato de terem colocado a fé, ou, mais propriamente falando: o orgulho da fé, acima do amor pelo filho. Infelizmente, este não é um caso isolado. 

Os adeptos da Teologia da Prosperidade são mais preocupados com a questão do sofrimento do que com a questão do pecado. Mais preocupados com prosperidade e saúde do que com santidade. Demonstram mais medo do azar (forças invisíveis que não conseguimos controlar) do que do pecado e do juízo final. Eles são produto desta sociedade consumista que valoriza o que é material, cujo deus é Mamom. O secularismo e o mundanismo estão ameaçando a sã doutrina. 

Lucas 4, conta como foi que Jesus venceu as tentações da teologia da prosperidade sugeridas por Satanás. Interessante notar que após seu batismo, Jesus é movido pelo Espírito Santo para o deserto. Isto nos faz lembrar da história do Êxodo, que mostra o povo hebreu tendo que enfrentar um longo período no deserto após sua passagem pelas águas do Mar Vermelho antes de poder ingressar na Terra Prometida. Enquanto a teologia da prosperidade promete um paraíso na Terra, vemos as Escrituras nos despertando para a realidade do deserto. O paraíso ainda está por vir. 

No deserto, Jesus teve fome. Jesus disse aos seus discípulos que eles teriam de enfrentar aflições neste mundo. A boa notícia é que Jesus venceu o Mundo! Venceus as tentações! Venceu a Satanás! Venceu a morte! Ressuscitou e prometeu que sempre estaria conosco! Não estamos abandonados e sós no deserto! A vara e o cajado do Bom Pastor nos consolam! Os anjos consolaram e sustentaram a Jesus no deserto! A Palavra de Deus foi alimento para Jesus no deserto (Dt 8.2-3). O povo hebreu recebeu maná dos céus no deserto. Lá a presença de Deus se manifestava de muitas formas, entre elas, através da arca, da nuvem que os conduzia de dia e da coluna de fogo que os iluminava e aquecia durante a noite!

Satanás aproveitou-se da fragilidade física de Cristo e de sua fome para tentá-lo propondo alívio milagroso para as suas privações físicas, além de muito poder, riqueza e sucesso. Jesus não se deixou seduzir pelo conforto, prazeres, riquezas, poder e glória deste mundo. Ele não pactuou com o diabo. Ele venceu o Mundo! Jesus provou amar mais a Deus do que as coisas do mundo. Ele pode dizer de verdade que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus.

Quando Satanás pediu para Jesus saltar do pináculo do templo apelando para o texto do Salmo 91 que trata da proteção dos anjos de Deus. Jesus rebateu a sugestão lembrando outro texto bíblico que diz que não devemos tentar ao Senhor nosso Deus. É certo que os anjos de Deus acampam-se ao redor daqueles que temem ao Senhor para os protegerem, mas não devemos abusar disto tomando atitudes estúpidas. Deus nos concedeu inteligência para que fizéssemos bom uso dela. Isto já faz parte da proteção de Deus. Agir de maneira imprudente e ainda esperar o socorro de Deus é o mesmo que tentar a Deus. Por exemplo, não devemos acelerar o máximo e pedir para Deus nos proteger nas curvas. "De Deus não se zomba, o que o homem plantar, isto também irá colher" (Gl 6.9). Por falar nisto, muitos adpetos da teologia da prosperidade, movidos pela ambição consumista, acabam contraindo dívidas muito acima das suas posses, baseados numa pretensa fé de que Deus os ajudará de alguma forma. Isto não não se chama fé, mas, sim, má fé! 

Deus pode nos curar sem o auxílio de remédios, mas também pode fazer uso deles para nos sarar. Se alguém se sente curado, deve primeiramente receber um atestado médico de cura antes de suspender qualquer medicação, pois está escrito: "não tentarás ao Senhor teu Deus".

Satanás tentava a Cristo lançando dúvidas sobre sua filiação, provocando-o com a expressão: "Se és filho de Deus...". Jesus não entrou na provocação do Diabo, pois ele estava firmado na Palavra de Deus. Dias antes, por ocasião de seu batismo, ele ouvira a voz do Pai que dizia: "Este é o meu filho amado!" Jesus dava ouvidos a Deus e não a Satanás!

Jesus venceu o diabo, firmando-se na Palavra de Deus. Satanás mencionou as Escrituras, mas de modo seletivo e fora do contexto, assim como fazem os pregadores da teologia da prosperidade e todos os demais hereges. Jesus mostrou-se um profundo conhecedor das Escrituras e as usou apropriadamente como uma espada bem afiada para botar o diabo em fuga.
"Resisti ao diabo e ele fugirá de vós!"

Assim, Jesus venceu as tentações da teologia da prosperidade. Sigamos o seu exemplo! Sejamos seguidores de Cristo e não de pregadores hereges. 

Esta palavra de alerta contra a teologia do prosperidade, não significa uma defesa da teologia da pobreza, pois não concordamos com tais extremos. De fato, há ricos e ricos e pobres e pobres. Ou seja, nem riqueza e nem pobreza por si mesmas são sinais incontestáveis de fé ou de falta de fé, de virtude ou de pecado. Não devemos concluir que alguém é abençoado espiritualmente por possuir muitos bens materiais e nem podemos dizer que alguém está pobre por falta de fé. Encontramos na Bíblia exemplos de justos que eram ricos como Abraão, José e Davi, e de justos que eram pobres como José e Maria, Jesus e seus discípulos. A história de Jó nos ensina que um justo pode cair enfermo e experimentar a pobreza como também pode receber cura e receber muitas riquezas. O Apóstolo Paulo disse que já havia experimentado carestia e fartura e havia aprendido a estar contente em toda e qualquer circunstância. 

Somos contra a teologia da prosperidade porque ela ensina que Deus tem de nos fazer ricos e saudáveis. Uma coisa é ensinar que Deus tem o poder outra bem diferente é ensinar que Ele tem o dever. Deus não nos deve nada! Ele é livre para agir como bem quiser. Deus tem uma sabedoria muito além da nossa. Deus em sua soberania consegue traçar um bom caminho no meio do deserto e da tormenta (Naum 1.3). Partilhamos da teologia bíblica, sim, da teologia da possibilidade de Mesaque, Sadraque e Abednego que diante do Rei Nabucodunosor que os ameaça jogar na fornalha caso não adorassem um ídolo, responderam dizendo: "Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste" (Dn 3.17-18). Vemos aí que eles criam que Deus era poderoso para operar um milagre, mas também estavam preparados para enfrentarem a morte caso fosse esta a vontade de Deus para eles. 

Interessante observar que Deus livrou o Apóstolo Paulo da morte em distintas ocasiões, mas sabemos também que chegaria o dia em que o corpo de Paulo seria entregue como libação: "Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé" (2 Tm 4.6.10). E, o capítulo 12 de Atos, conta como Herodes matou a Tiago, irmão de João, mas não conseguiu fazer o mesmo com Pedro, que milagrosamente foi liberto da prisão. Por que teria Deus libertado somente a Pedro? Por que o mesmo anjo que libertou a Pedro não libertou também a Tiago? Sabemos que mais tarde, o próprio Pedro irá morrer como um mártir. Por que Paulo disse: "Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro" (Rm 8.36)? Vemos em tudo isto que a Bíblia não dá margem para uma teologia da prosperidade que quer tratar a Deus como se Ele fosse como o Gênio da Lâmpada de Aladim. 

Deus tem vontade própria. Deus tem seus caminhos. Orar não é dar ordens a Deus. Orar não é reivindicar e exigir coisas de Deus. Orar não e preencher um cheque em branco assinado por Deus. Pois aprendemos na Bíblia que Deus somente atende as orações que estão de acordo com a sua vontade: “Esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade ele nos ouve” (1 João 5.14); “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões” (Tg 4,3).

Boa parte da multidão que buscava a Jesus estava interessada somente nos milagres de cura e multiplicação de pães, o que chateou a Jesus a ponto dele dizer: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará" (Jo 6.26). No final deste discurso de Jesus, muitos a maioria o abandonou pois realmente só estavam interessados em Cristo como um meio para obtenção de bens físicos e materiais (Jo 6.66). 

O discurso de Jesus vai de encontro ao discurso dos pregadores da teologia da prosperidade, que, ao contrário de Jesus, estão pregando o que o povo quer ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Tais pregadores são prisioneiros do espírito que opera sobre os filhos da desobediência, estão plenamente conformados ao espírito deste mundo e estão buscando popularidade, poder e dinheiro, tentações estas que Jesus resistiu heroicamente. 

Ouçamos a mensagem de Jesus e busquemos primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, acumulando tesouros nos céus e não aqui na Terra. "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus" (Cl 3.1). 

“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). 

Bispo Ildo Mello
www.metodistalivre.org.br

terça-feira, 17 de julho de 2012